domingo, 16 de outubro de 2011

IDIOSSINCRASIAS NA TERRA DE BENTA PEREIRA.

Uma sociedade, dentro dos conceitos sociológicos, é mais do que a soma dos indivíduos. Ela possui sua identidade própria. Mas como os indivíduos em particular, ela é também um produto histórico. Suas representações simbólicas, no entanto, se por um lado é fruto do contexto histórico a qual pertence, por outro, quase sempre refletem as concepções de mundo de sua classe dominante. Em outras palavras, são as classes hegemônicas que definem as representações simbólicas de uma sociedade. E aqui se inscrevem seus valores e crenças.
Em Campos dos Goytacazes, sempre que surgem reivindicações ou disputas, particularmente entre a região e o restante do país, evoca-se logo a figura de Benta Pereira, que teria protagonizado a luta contra o domínio dos Assecas. O que não se diz, é que Benta Pereira era latifundiária, e como tal, estava interessada em defender suas posses, concedida pela Coroa portuguesa a seus familiares como recompensa pela dominação contra os povos locais da época, ou índios goytacazes. Os confrontos com os Assecas eram, então, o resultado da disputa pela dominação da região, da qual a população, sem nenhum beneficio, participou como “boi de piranha” para defender interesses alheios. O que permanece em nosso imaginário, até hoje, como um ato de heroísmo, é o resultado da disputa entre oligarcas.
A atual mobilização pela disputa em torno da repartição dos Royalties do petróleo não é nada menos que a repetição de nossa sina, servir como massa de manobra para defender interesses de quem nos domina. Quando se olha a história de nosso município ao longo dos últimos dez anos, recheada de episódios envolvendo a prisão de autoridades locais, suspeitas de mal uso de recursos públicos, além de verdadeiras guerras entre coronéis pelo comando da administração local, contrastando com a miséria de nossa população, que a despeito dos recursos, continua registrando índices de desenvolvimento iguais ao do semiárido nordestino, é impossível não vermos a manifestação de uma histórica manipulação. Por que, então, ir ao Rio ?

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