terça-feira, 15 de janeiro de 2013

LEI SECA: Entenda como funciona um aparelho de Bafômetro

Reagentes químicos entram em contato com o ar soprado pelo motorista e determinam a quantidade de álcool que ele tem no sangue.

Gilson Nascimento explica como funciona o etilômetro, o popular bafômetro

Eles estão por todos os cantos da cidade: em pontes, vias importantes, na saída de bares, restaurantes, boates e qualquer lugar que tenha vida noturna. Com o objetivo de manter o trânsito livre de motoristas que dirigem depois de beber, é cada vez mais comum ver nas esquinas das cidades da Grande Vitória um grupo de policiais com um bafômetro em mãos.

Atualmente, a polícia trabalha com ações em até seis pontos da cidade. No Congresso Nacional, já existe o debate para tornar mais rígida a famosa lei seca, que hoje só leva o condutor à cadeia em casos extremos. (Veja figura no fim da matéria com a lei completa). Tudo isso tem sido amplamente debatido. O que pouca gente sabe, na prática, é como o aparelho faz a medição do nível de etanol no sangue.

Para começo de conversa, existe mais de um tipo de bafômetro, que possui o nome técnico de etilômetro. Aqui no Espírito Santo, o modelo utilizado pelo Batalhão de Trânsito da Polícia Militar é o “ALCO-SENSOR IV”, que é importado e segundo o capitão Gilson Nascimento, responsável pelo setor logística do batalhão é o que melhor se adaptou as necessidades locais.

Dentro do aparelho, o processo que determina o nível de etanol no sangue do condutor é eletroquímico. “Ele possui reagentes químicos dentro do sistema. Assim, o ar expelido é comprimido e exposto a esses elementos reativos. Nessa fase, o etanol é capturado, e as moléculas são oxidadas. Essa queima de moléculas cria eletricidade. A medição do nível de eletricidade gera energia, que é de onde o nível de álcool no ar expelido pela pessoa é medido”, explica o capitão Gilson Nascimento.
Aparelho utilizado pela polícia capixaba para medir o nível de álcool dos condutores

Após todo esse processo, o resultado sai pronto no visor do aparelho. É importante dizer que o equipamento mede o álcool presente no ar que vem dos pulmões. Neste local, as trocas gasosas são realizadas e ali o sangue circula e libera o álcool metabolizado. Por parâmetros matemáticos, esse resultado mostra a comparação da decigrama de etanol por litro de sangue.

Para não restar dúvidas, assim que o ar é expelido no aparelho, ele fica retido em uma câmara, onde a compressão é realizada e a partir dai a exposição aos reagentes acontece, seguido da queima e da medição pelo processo de eletroquímica. É importante destacar que todo esse processo, apesar de complexo, acontece em poucos segundos dentro da máquina.

Ilustração resume como a Lei Seca funciona hoje no Brasil

Quanto posso beber?

A lei brasileira determina que o condutor pode consumir até 0,1mg de álcool por litro de ar. Mas não é possível determinar o quanto a pessoa pode beber para chegar nesse nível. Isso depende do peso, da altura, da quantidade de bebida ingerida e até do metabolismo do cidadão.

Em todo o Estado, existem cerca de 140 aparelhos de bafômetro. Eles estão distribuídos entre o Detran-ES, o Batalhão de Trânsito, e as cidades do interior. Para os próximos anos, a compra de mais máquinas está prevista. Para o capitão Gilson Nascimento, quanto mais aparelhos mais facilidade de agir da forma correta.

Fizemos o teste

Para medir a eficiência do bafômetro, a reportagem decidiu ingerir determinada quantidade de álcool e ver como ele é medido pelo aparelho. Com 1,80 metro e 83 quilos, o repórter ingeriu uma latinha de cerveja e soprou a máquina. O resultado foi 0,11mg de álcool por litro. Que está dentro da margem permitida pela lei. O tempo mínimo de 15 minutos para metabolizar a bebida foi respeitado, e o resultado é influenciado pelo peso e pela altura de quem faz o teste. Veja o vídeo abaixo:

É possível disfarçar o hálito, mas não o álcool


Nutricionista e especialista em saúde pública e terapia nutricional, Samira Lecoque, de 26 anos, explica que o álcool não faz parte da digestão normal do corpo humano. Ele é automaticamente absorvido pelo corpo assim que ingerido. E chega na corrente sangüínea ainda mais rápido. Em apenas cinco minutos ele já está no nosso sangue.

Teste realizado pela reportagem mostrou concentração de álcool no sangue de 0,11mg por litro. Apór comer chocolate, taxa caiu para 0,10mg

Para expelir a bebida completamente, o processo é bem demorado. “Leva horas. Um copo de cerveja, por exemplo, leva cerca de três horas para ser eliminado. Uma taça de vinho leva de cinco a seis horas, já que tem uma concentração alcóolica que por vezes tem o dobro ou o triplo de uma garrafa de cerveja”, explica Samira.

E as famosas "disfarçadas"?
É possível acelerar a absorção do álcool, comendo doces e comidas com açúcar e carboidratos simples, além de caprichar na hidratação, o que pode ajudar a evitar a famosa dor de cabeça do dia seguinte a uma bebedeira.

Contudo não é possível alterar muito o resultado do bafômetro. Após tomar uma lata de cerveja, o repórter comeu uma pequena barra de chocolate e voltou a fazer o teste. O resultado caiu apenas 10%, passando de 0,11mg por litro para 0,10mg por litro.


Beba com responsabilidade
A nutricionista Samira Lecoque elaborou para o portal Gazeta Online a tabela abaixo. Nela é possível ver os efeitos que o álcool causa em cada pessoa de acordo com a quantidade ingerida. Como base, o peso de 70kg foi adotado. Fonte: www.alcoolismo.com.br


Com 0,6 g/litro de sangue, o risco de acidente é 50% maior

Com 0,8 g/litro de sangue, o risco de acidente é quatro vezes maior

Com 1,5 g/litro de sangue, o risco de acidente é 25 vezes maior

Quantidade de álcool por litro de sangue (em gramas)*Efeitos

0,2 a 0,3 g/l - equivalente a um copo de cerveja, um cálice pequeno de vinho, uma dose de uísque ou outra bebida destilada:

As funções mentais começam a ficar comprometidas. A percepção da distância e da velocidade são prejudicadas
 
0,3 a 0,5 g/l - dois copos de cerveja, um cálice grande de vinho, duas doses de bebidas destiladas:

O grau de vigilância diminui, assim como o campo visual. O controle cerebral relaxa, dando sensação de calma e satisfação

0,51 a 0,8 g/l - três ou quatro copos de cerveja, três copos de vinho, três doses de uísque:
 
Reflexos retardados, dificuldades de adaptação da visão a diferenças de luminosidade, superestimação das possibilidades e minimização de riscos e tendência à agressividade

0,8 a 1,5 g/l - a partir dessa taxa, as quantidades são muito grandes e variam de acordo com o metabolismo, com o grau de absorção e com as funções hepáticas de cada indivíduo:

Dificuldades de controlar automóveis, incapacidade de concentração e falhas na coordenação neuromuscular 

1,5 a 2,0 g/l:
 
Embriaguez, torpor alcoólico, dupla visão

2,0 a 5,0 g/l:

Embriaguez profunda


5,0 g/l:
 
Coma alcoólico
 
Fonte: Gazeta OnLine ES


Nenhum comentário:

Postar um comentário