sábado, 24 de março de 2012

Nelson Nahim fala de eleição, política de Campos, PPL e rompimento com irmão

'Cada um é que tem que saber o que fez de certo e de errado'

O presidente da Câmara de Campos, e agora, dirigente municipal do Partido Pátria Livre (PPL), o vereador Nelson Nahim esteve na Redação do Site Ururau e concedeu uma entrevista exclusiva, onde destacou suas prioridades que além da Câmara, são cuidar do PPL na região e preparar sua campanha ao legislativo. Vereador de quatro mandatos, Nahim conta que está observando o processo judiciário na política do município de Campos e deixou claro que torce para que a Prefeita Rosinha não seja afastada novamente, pois segundo ele, seria um problema tanto para a Prefeita quanto para ele mesmo.


 

Entretanto, o Presidente da Câmara de Campos não descarta que esta possibilidade de afastamento ainda exista e declarou que seu destino está indefinido por conta da falta de uma decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ). Nahim ainda fala da briga pública que teve com seu irmão, Anthony Garotinho de quem diz não guardar nenhum rancor.


Hoje, qual leitura o senhor faz em relação ao município de Campos?
 

Negar que houve uma melhora substancial na qualidade de vida do campista é errado. Durante minha interinidade de seis meses a frente da Prefeitura, pude ver como alguns segmentos estavam totalmente abandonados. Inaugurei diversas creches, postos de saúde e nunca tapei tanto buraco nessa cidade. Parecia que tinha um ‘tatu’ instalado aqui, quanto mais se fazia, mas buracos apareciam. Melhorou muita coisa na área de infraestrutura... Enfim, houve grandes avanços no município, destacando a área da saúde, no que diz respeito à questão de vacinação. Hoje temos vacinas importantes, de forma gratuita, que foram introduzidas no calendário do município. A educação também melhorou e hoje possui mais infraestrutura. Falta muita coisa? Falta resolver problemas nesses dois setores? Sim. Mas é inegável admitir que houve avanço, inclusive, aliado a questão do desenvolvimento regional, pois o Porto do Açu está tendo um papel importante para alavancar a economia do município, já que São João da Barra não possui, ainda, uma estrutura necessária para abraçar todo contingente de pessoas e empresas que estão se deslocando para Campos. Nosso município tem tudo para desenvolver mais ainda, eu acho que as questões do município passam por uma questão de gestão. O modelo adotado pela Prefeitura não é um modelo que eu adotaria, pois são muitas terceirizações, e com isso, os recursos saem da cidade gerando muita reclamação entre os comerciantes. Mas também não é fácil, porque a Prefeitura não tem como gastar por falta de recursos próprios para pagar sua folha de pagamento normal, e dessa forma, muitas vezes é obrigada a terceirizar os serviços e fica livre dessa responsabilidade fiscal. Não adianta só criticar, existe esta necessidade de terceirizar em função enquanto o município não tiver uma receita própria suficiente para arcar com sua folha de pagamento. Fico feliz agora em ver que agora a Prefeitura de Campos está realizando um concurso público amplo, principalmente porque Campos precisa termais técnicos e professores em seus quadros funcionais. Esse é o tipo de coisa que nos deixa animados, ver a valorização dos cargos efetivos da Prefeitura é algo muito importante.


Isso seria uma preparação para os próximos anos em função dos investimentos que estão chegando à região?
 

Eu não tenho a menor dúvida disso. O volume de situações que ocorrem hoje em Campos já estão insuficientes. Campos precisa de mais hotéis em função da demanda que já tem. É preciso continuar a se pensar na questão do aeroporto Bartolomeu Lisandro... Na época, eu estava cuidando disso, agora, a Rosinha está conseguindo municipalizar pensando na privatização. Dessa forma, teremos mais vôos regulares, o que irá facilitar a vinda de muitos profissionais destas empresas que estão vindo para região. O Complexo Farol-Barra do Furado, que durante minha interinidade, assinei a ordem de serviços no valor de R$ 130 milhões em investimentos da Prefeitura para que Campos tivesse um complexo portuário importante para gerar desenvolvimento é um exemplo deste processo de crescimento. Em minha opinião, precisamos estar otimistas, porque nosso município só tende a crescer.


Quais são os planos do presidente da Câmara de Campos, Nelson Nahim (PPL), para as eleições municipais de outubro próximo?
 

Do ponto de vista partidário, o que o meu partido, o Partido Pátria Livre (PPL) deseja é cuidar das candidaturas para o Legislativo. Apesar do pouco tempo, conseguimos montar uma boa nominata e espero que consigamos eleger, pelo menos, dois vereadores para a Câmara. Uma tarefa que tenho também é cuidar do PPL em nossa região. No próximo dia 25, teremos uma reunião com a executiva estadual do partido para cuidar das candidaturas de todos os municípios. Atualmente, o PPL possui, aproximadamente 500 vereadores em todo o país, e esse é um número muito expressivo para um partido tão novo. Nas próximas eleições de 2014, esperamos ter deputados estaduais e federais no partido. Quanto a minha função de presidente da Câmara de Campos, meu desejo é cumprir o meu papel. Ser um magistrado, como sempre fui e permitir que situação e oposição possam exercer, dentro dos limites que determina a Lei Orgânica, o seu direito na Câmara Municipal porque democracia é isso. É verdade o que diz aquela máxima “Toda unanimidade é burra”, porque é preciso ter uma pessoa para dizer que as coisas estão erradas. Mas sei que não é sempre assim que a coisa funciona. Em suma, este ano, quero cumprir minha função de presidente da Câmara e trabalhar na em minha campanha para vereador no meu partido, que é a única oportunidade que eu tenho, tendo em vista que, a Rosinha é a Prefeita de Campos e minha cunhada. Já disse, algumas vezes que, mesmo que eu quisesse, agora não poderia ser candidato a Prefeito em função do parentesco, e como todos sabem, estou impedido de concorrer. Meu propósito é concorrer a uma vaga no Legislativo.


Certa vez, o senhor disse que “uma eleição pra o legislativo é bem mais difícil”. O aumento do número de cadeiras no Legislativo de 17 para 25 tornará difícil a vida de quem tentar se reeleger? O senhor prevê uma disputa acirrada devido a o número grande de pré-candidatos?
 

Entendo que 25 cadeiras vai ser bom pra todo mundo. Bom para aqueles que são detentores de mandatos, e bom para quem deseja se eleger. Um maior número de vagas diminui o coeficiente eleitoral, que vai permitir que os partidos que possuem menos contingente de votos possam pelo menos eleger um vereador. Vai aumentar a oportunidade de vermos caras novas na Câmara. Ao longo de quatro mandatos, eu já desempenhei todas as funções do legislativo. Já fui líder do governo dos ex-prefeitos Arnaldo Vianna e Anthony Garotinho, já fui presidente da Comissão de Legislação e Justiça, presidente da Comissão de Orçamento, fui vereador na situação e da oposição... Enfim, já fiz de tudo na Câmara, por isso, eu entendo o papel dos colegas na Câmara. Eu fui oposição ao governo do ex-prefeito Alexandre Mocaiber na Câmara, também fui oposição quando era presidente da Câmara quando o Garotinho rompeu politicamente com o ex-prefeito Arnaldo Vianna e fui situação em diversos momentos, inclusive quando Garotinho foi prefeito e até recentemente, antes do meu rompimento com ele. Estas experiências me deram maturidade, temperança, conhecimento sobre o Legislativo. Há 16 anos eu frequento a Câmara e acho que aprendi alguma coisa.


O senhor acha que haverá uma disputa acirrada entre os vereadores da situação e os ex-secretários candidatos a vereador?
 

Olha, não estou mais convivendo o dia-a-dia da Prefeitura. Mas todos sabem que cada um vai querer o seu espaço e isso é natural. Todo vereador que está na base do governo e o defende na Câmara tem o direito de lutar pela sua reeleição, da mesma forma, os secretários estavam desempenhando seu papel e tem este direito. Todo mundo quer trabalhar e eleição para vereador, como costumo dizer, é a mais difícil que existe. Certa vez, disputei eleição com parentes, me elegi e acho que não tive voto da minha irmã. Da minha mãe acho que eu tive, porque a peguei em casa para votar em mim (risos). Imaginem a loucura que é uma disputa com 700 candidatos numa eleição. É a eleição mais dura que existe. Veja só, diga-me você: Se você fosse candidato a vereador, você me diria com 100% de certeza que 100 pessoas votariam em você?
Não mesmo...
Pra você ver como é difícil esta disputa no Legislativo. Se você quiser ser candidato, é bom começar a pedir votos. (risos)

Como abordou a dificuldade desta disputa, o grupo governista fala na eleição de 20 vereadores, dos 25. Nesta acirrada disputa por uma cadeira no Legislativo, o que pensa disso?

Olha, o Governo possui uma vantagem espetacular e possui maioria na Câmara, isso sem citar os 14 partidos alinhados com o governo (PR, PP, PSB, DEM, PSDB, PTN, PHS, PRTB, PTC, PTB, PTdoB, PSC, PRB e PMN). É uma esmagadora maioria. Agora, se vai fazer 10, 15, 20 vereadores, não há como prever isso não.

Como o PPL está se preparando para as eleições?

O partido é novo, está se estruturando. Contamos com pessoas que acham que Campos merece o melhor. Temos duas propostas de coligações, a primeira com o PPS, do vice-presidente da Câmara, vereador Rogério Matoso, e com o PRP. Estamos em conversação desde a última reunião, mas ainda vamos definir esta questão. Minha questão é municipal e vamos caminhando bem nas regiões Norte e Noroeste.

Em caso de novo afastamento da Prefeita até outubro, o senhor poderia vir a ser candidato a Prefeitura de Campos?
 

Com ela a frente do cargo em hipótese alguma posso cogitar ser candidato a Prefeito pela questão do parentesco. Agora, se por algum motivo ela for afastada de suas funções na Prefeitura e eu, como Presidente do Legislativo, tiver que assumir a Prefeitura, aí é outra história. Nesta situação, a lei me permitiria e eu teria o direito de fazê-lo, caso eu entenda que é esse o caminho, de me candidatar a Prefeito nas eleições. Se eu o farei ou não, é uma outra questão, mas neste caso específico, eu teria sim o direito de candidatar-me a prefeito de Campos.

Qual o seu entendimento agora sobre esta questão?

Esta é uma hipótese que, sinceramente, não me preocupa no momento. O PPL está preocupado em se cuidar. A questão da majoritária, caso nosso partido não possa ter um candidato, que seria eu, nós vamos cuidar primeiro das candidaturas proporcionais, não só em Campos, mas nos municípios vizinhos que estão sob minha responsabilidade. Esta é uma hipótese que, num momento oportuno, o partido decidirá o que irá fazer.

Sobre a candidatura a Prefeitura, há tempo, existe na cidade um processo de judicialização. Sem cair no campo das especulações ainda existem decisões jurídicas a serem tomadas, e que podem afetar o pleito deste ano. Já que tudo sobre política em Campos passa pela esfera jurídica, seria errado apoiar-se na máxima “dar tempo ao tempo” para que este cenário fique claro?
 

Sem a menor dúvida. Se existe alguém que não sabe ao certo qual será o seu destino sou eu. Não sei o que o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) vai julgar e também tenho que tomar decisões que sejam convenientes a mim, porque eu não vou me furtar a cumprir com o meu papel, que inclusive, só tem a me atrapalhar. Da outra vez que a Prefeita foi afastada, eu tinha uma campanha para deputado estadual não ganha, porque ninguém ganha de véspera, mas muito bem estruturada para que hoje eu já estivesse na Alerj. Pego de surpresa, acabei assumindo a Prefeitura e perdi a oportunidade de ser deputado. Agora de novo, se isso vier acontecer, e ninguém sabe quando poderá acontecer, serei prejudicado novamente, pois estou me preparando para fazer campanha para vereador. Se um revés desses acontecer novamente e eu tiver que ficar Prefeito por 10, 15 dias, um mês que for, acabará prejudicando mais uma vez a minha campanha política, desta vez, para vereador. Numa outra ocasião, eu era pré-candidato a Prefeito, abri mão para a candidatura da Rosinha e quase não me elegi vereador. Acabei ganhando a eleição aos 45 minutos do segundo tempo, com uma diferença de 120 votos para o Dr. Edson Batista. Esta indefinição é ruim para mim e seria melhor que a Justiça decidisse logo: Ela vai ficar ou ela não vai ficar e ponto. Esse negócio de ‘vai e volta’ é ruim para todo mundo. É ruim para a Rosinha, é ruim para mim, é ruim para a população de Campos e para quem está vindo para nossa cidade devido à instabilidade política gerada por esta incerteza. Do fundo do meu coração, eu torço para que a Justiça resolva logo esta questão, a favor ou não, mas que resolva de uma vez por todas. Se acontecer mais um afastamento, será mais um desafio que terei de encarar pela frente.


Como advogado, como vê o judiciário sendo uma espécie de‘protagonista’ do processo eleitoral?
 

Há muito tempo se discute esta ‘judicialização’ das eleições, pois os pleitos ficam mais nas mãos da Justiça do que propriamente do eleitor. Mas nós tempos que entender que o judiciário está aí para isso, pois se ninguém cometesse nada, não haveria medidas judiciais nenhuma. Querer responsabilizar somente o judiciário por isso eu não acho correto. Eu acho sim que muita coisa acaba sendo decidida pelo judiciário. Muitos prefeitos, vereadores e até governadores eleitos pelo povo acabam perdendo seu mandato, porque infelizmente, existe a prática corruptiva de alguns elementos, e se elas existem, cabe a nossa organização política de estar definida. O Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário fazer com que as leis sejam cumpridas.


Hoje, o vereador Nelson Nahim está mais para a situação ou para a oposição?
 

Estou para o PPL e já havia dito isso. Minha postura é independente, é a postura de quem quer cuidar de um partido novo, que tem suas raízes nos movimentos populares, no MR-8 (Movimento Revolucionário Oito de Outubro, surgido em 1964), cujo quadro político é formado por membros de diversos setores da sociedade. Professores municipais, estaduais, sindicalistas, ex-vereadores que militaram comigo na Câmara... Enfim, é uma mescla de pessoas que militam em um partido orgânico, que funciona e onde as pessoas podem contribuir. É um partido de fato e é onde estou hoje.


Como o senhor se sente a respeito dos acontecimentos que culminaram no rompimento com seu irmão Anthony Garotinho?
 

Não sinto nada, só lamento. Eu prefiro entender que política só é bom quando todo mundo está satisfeito. Como eu não estava mais satisfeito, busquei o meu caminho e espero que o Garotinho faça o mesmo. No meu entender, política não foi feita para se criar baderna, mas cada um sabe o que fazer de sua vida, não é verdade? Como eu não me senti mais a vontade de ficar no PR e nem dentro de um grupo político que toma atitudes que eu não concordo, preferi sair e seguir o meu caminho. Acho que política é assim, a gente deve ficar onde se sente bem. A questão familiar não deve se misturar com a questão política e ponto. Quando aconteceu um acidente com minha família (15 de janeiro), ele e a Rosinha me ligaram preocupados, e depois que tudo ficou bem, liguei para ele para agradecer e disse que, se fosse ao contrário, com certeza faria o mesmo. Depois nunca mais nos falamos.


O senhor pensa em uma reconciliação com seu irmão?
 

Não penso nisso ainda não, essa não é mais uma preocupação. Já disse antes que, agora, penso em cuidar do PPL. Em relação à reconciliação com um irmão, sempre deve existir esta expectativa, porque a gente não deve guardar mágoas, nem rancor nessa vida. Eu não guardo nada em relação a ninguém, muito menos em relação ao Garotinho. É claro que não das coisas que ele fez, se dissesse o contrário, estaria sendo demagogo. Se ele fez o que fez, deve refletir e eu também, mas no ponto de vista político, é melhor que as coisas caminhem do jeito que assim estão. Hoje me sinto mais leve, pois ser dirigente partidário é uma experiência nova para mim, estou muito feliz com as novas atribuições que tenho agora.

Na sua opinião de quem caminhou ao lado do Governo e exerceu a condição de Prefeito interino durante seis meses, o Governo Rosinha é um governo bom para Campos?

Com disse no inicio, ninguém pode negar que a cidade mudou a sua feição, sua infraestrutura nas áreas da Educação e Saúde na gestão da Rosinha. Tem problemas? Tem, mas os avanços são inegáveis, muita coisa melhorou. Por exemplo, o Programa ‘Passagem R$ 1’ integrou o município, já que muitas pessoas que saiam de lugares afastados e pagavam mais de R$ 7 de passagem de ônibus, agora podem ter oportunidades de vir a cidade. Gerou empregos para as pessoas... Enfim, gerou uma movimentação de pessoas. Os programas sociais, a regularização das bolsas de estudo... Tem problemas, tems im, mas a vida da população melhorou.

Em sua opinião, como fica o imaginário coletivo desta população assistindo muitos debates políticos locais sendo resolvidos pela Justiça?
 

Isso frustra muito o eleitor.Ele vota no candidato de sua escolha, o elege e logo depois a Justiça cassa omandato, e, muitas vezes, empossando quem teve menos votos, é ruim. É preciso entender o papel do judiciário, que julga fatos passiveis de punição. Sou advogado de formação e legislador, diante disso, como posso ser contra a Justiça julgar fatos apurados se alguém cometeu ou não um crime eleitoral? Seria bom que não existisse isso, mas... Na verdade, a população não deveria permitir ser envolvida com todas as questões eleitorais que são crimes perante da lei. Infelizmente, a gente fala sobre compra de votos, interessespessoais... Enquanto a população não entender que o melhor para ela é o melhorpara todo mundo, vai acontecer isso. E acontece muitas vezes de forma geral porque as pessoas acham que precisam resolver seus problemas, se um governo resolve,é um governo bom, se não resolve, é ruim. Este infelizmente é o raciocínio de uma parte expressiva da população, então acaba acontecendo isso. Se alguém vai a sua casa para oferecer vantagens em troca de seu voto e você não aceita esta condição, o crime não existe.

O senhor acha que teremos surpresas nas próximas listagens do TCE e TCU até julho, com nomes ligados a política regional podendo ser enquadrados pelo TRE e pelo TSE até outubro?

Cada um é que tem que saber o que fez de certo e de errado.

Fonte:  


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