Além de gerar sérios transtornos, a doença pode encobrir problemas no relacionamento
Casos extraconjugais, excesso de libido, problemas de se relacionar e obsessão por assuntos e conteúdos relacionados com o sexo. Até que ponto tudo isso podem ser fruto de uma compulsão sexual?
Para muitas pessoas a alcunha de “viciado em sexo” não é nada ofensivo. O rótulo serve de base para justificar uma série de comportamentos fora de um padrão reconhecido pelo grupo de amigos ou conhecidos – às vezes como sinônimo de virilidade ou de sensualidade – e mesmo para amenizar um problema de relacionamento com o parceiro ou parceira. Mas deixado de lado a visão construída do homem ou mulher extremamente sexualizados, o vício em sexo ou compulsão sexual não é um problema simples. E não conseguir ser fiel não tem nada a ver com o transtorno, mas é apenas uma desculpa sofisticada.
“As pessoas precisam tomar cuidado na hora de tornar patológico todo tipo de comportamento. Na maioria das vezes, os casos de infidelidade são relativos a problemas pessoais ou do relacionamento no casamento, não necessariamente a uma patologia”, avisa a psicóloga especializada em sexualidade e pesquisadora ligada ao Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (AMITI) do Instituto de Psquiatria (IPq) da Faculdade de Medicina da USP, Liliana Seger.
“É preciso ter muita atenção na hora do diagnóstico desse tipo de transtorno. O comportamento pode não ser de um viciado em sexo, mas de alguém que introjetou essa ideia, que ‘resolveu’ que é viciado em sexo”, salienta a psicóloga clínica cuja especialidade é a terapia familiar e de casal, Maria Olímpia Jabur Saikali.
A especialista diz que tanto os homens quanto as mulheres que têm relacionamentos fora do casamento têm de primeiro relativizar o que está acontecendo dentro da relação do casal. “Dizer que é vício, que ‘é mais forte do que eu’, é a saída fácil para fugir dos problemas”, enfatiza.
“As pessoas podem simplesmente não estar bem, muitas vezes insistindo em uma relação falida. Ter o desejo fora da relação nem sempre é sinal de patologia, propriamente dita, mas de algo que não está de acordo com seus sentimentos. Mas isso também não deve ser usado como justificativa para romper os acordos conjugais – como a fidelidade – de forma unilateral”, diz Maria Olímpia.
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